Lisboa #7

Pensar em quantos olhares se perderam
na calmaria deste rio
numa tarde de sol e de Verão
em que o vento fustiga os cabelos
e os sentidos.

Tantas vezes
os olhos pedem o vazio
a liberdade do céu aberto
para lá do mar.

Um rio-mar
um céu aberto
para vir à tona e respirar.

Lisboa #6

A questão é que
por mais que te queira esquecer
entranhaste-te nos recantos que habitámos juntos
no vento que embala as folhas
nas danças de luz e sombra
nas pequenas fissuras entre as pedras da calçada.

Lisboa terá sempre
o antes
o depois
o agora
aquela memória triste
e ao mesmo tempo infinitamente bela
dos momentos tão efémeros em que fui tua.